Ceridwen ou Cerridwen (lê-se Quériduen) é a deusa celta de alta hierarquia perante a sociedade celta; sua hierarquia se sobressai apenas em deitades femininas, sendo que masculinas se sobressaem Lugh e Dagda.
Muitos afirmam que Morrighan se encontra em status próximo à deusa, outros dizem que está um abaixo ou acima, depende da filosofia da vida de quem a conhece; é muito ligada a Porca Branca (não é uma comparação ofensiva), pois diz-se que a deusa prefere a forma de Porca selvagem para observar os mortais, tende sido representada assim em diversos contos.
Atributos divinos:
Cerridwen é a deusa da vidência e da magia, tendo adquirido a posição de rainha e protetora da prática e de seus praticantes. É também deusa do conhecimento, tanto mágico como geral; e ao contrário de muitos deuses, possui a habilidade de se transmutar em plantas ou outros animais, deusa da morte e renascimento, fúria, intuição, transformação (espiritual, psicológica, etc) e inspiração.
Importância na tribo de Danna:
Cerridwen é a deusa de maior importância para os demais deuses, isto acontece por seu dom de magia. Antes dos deuses serem imortais, eles decidiram que cada integrante da tribo trabalharia e pesquisaria um meio de simples homens e mulheres se tornarem divindades; quem conseguiu tal proeza foi o cozinheiro que criou a bebida divina, dando imortalidade aquele que a bebesse. Tal cozinheiro fora aprendiz de Cerridwen quando ainda novo, aprendendo um pouco de magia e receitas.
A deusa ficou feliz por seu aprendiz, porém a bebida não evitava o envelhecimento, foi então que a deusa o aprimorou e criou juntamente a poção de sabedoria. Mas, como ela não desejava que todos conhecessem suas magias e poções, trabalhou em diversas poções de conhecimento, onde cada uma cedia um conhecimento específico; originando assim o conhecimento de cada deus.
Ela é a guardiã dos segredos divinos, dos segredos no Universo e é ela quem encanta as armas e ferramentas que são usadas pelos seus irmãos de alma (deuses).
Cerridwen e Gwion:
Certa vez, Cerridwen decidiu dar ao seu filho Affagdu um presente supremo; ela havia decidido compartilhar com ele o segredo do Universo e dos deuses. Ela começou a preparar a poção de conhecimento e depois de dias produzindo a bebida, foi chamada por Dagda para uma reunião sobre o ataque que haviam sofrido dos Fomore; a deusa formou o círculo de proteção sobre o caldeirão, porém ele evitaria espíritos e seres mágicos de atravessarem o círculo e se aproximarem do caldeirão, ela então deixou o jovem Gwion, seu ajudante humano, a cuidar do caldeirão contra a aproximação de qualquer outro ser.
O jovem lá ficou e cuidou do caldeirão, atento a tudo e a todos, foi então que viu algumas gotas escorrendo pela lateral do caldeirão e decidiu experimentar o sabor; passou o dedo nas gotas e as levou direto para a língua, Cerridwen, de longe esbravejou contra o seu ajudante traidor e abandonou os demais deuses para caçar o jovem ingrato.
Gwion havia adquirido o dom da vidência e o conhecimento das magias e poções, além de onde encontrar os deuses sempre que desejasse, apenas com três gotas; ele sabia que sua mestre viria furiosa para destruí-lo, foi então que correu entre os bosques e se escondeu.
Cerrdiwen não se deixava fazer de boba, muito menos ser enganada, ela sabia cada movimento do pequeno rapaz e correu atrás dele; o rapaz pensou em um plano, se camuflar entre rebanhos e manadas selvagens, ele se transmutava e a deusa tinha de procurar um por um, pois sabia que um daqueles animais era o jovem, mas, qual deles?
Gwion se tornava um pequeno rato e Cerridwen se tornava uma terrível águia, se ele se transmutasse em um coelho, ela se tornava uma raposa e assim por diante. Depois de dias sem sucesso, a deusa decidiu seguir o rapaz, mas não atacá-lo; esperar o momento certo, ela se transformou em um porco branco e seguiu o rapaz que não desconfiava de nada.
Ele teve o pensamento de retornar ao caldeirão e beber mais da poção (ou destruí-la, segundo outras fontes), quando se aproximou Cerridwen deu seu grito gélido de vitória e o rapaz, sem onde correr, entrou na dispença da deusa e se transmutou em um grão caído no chão. A deusa, sem mais delongas, se tornou uma galinha e devorou Gwion, acabando com sua vingaça e fúria.
Cerridwen e Taliesen:
Após nove longos meses que engolira Gwion, a deusa deu a luz para um bebê mortal e que se tornaria grande e conhecido perante eras e civilizações.
Cerridwen ficou horrorizada com o que havia acontecido, ela deu a luz aquele quem havia matado; ela foi o caminho para o jovem renascer; sua fúria se tronou clara naquela noite de Samhain e seus olhos viam aquele bebê implorando pela morte, entretanto, a consciência dela falou mais alto. Ela já obteve a vingança tão esperada, se ela deu luz ao jovem que assassinou, era a forma dela pagar pelo ato cometido.
Sem dúvida, ela decidiu não matar aquele bebê indefeso, porém não aceitava ficar com ele; ela correu ao mar e colocou o bebê em uma cesta e o deixou a mercê do mar, se o bebê morresse, ela não estaria diretamente ligada, e sim o Destino, por deixar que aquele bebê morresse. Mac Lir (deus dos mares) viu tal cesta com um bebê e decidiu afastar a criança que chorava desesperadamente, suas ondas levaram o bebê para a praia, onde Elffin, um príncipe celta, encontrou a cesta e decidiu levar a criança ao castelo.
O menino cresceu sadio e cheio de vigor, quando começou a frequentar o círculo dos sacerdotes reais, eles previram que o jovem era filho da deusa e avisaram Elffin (já então rei); a deusa surgiu na sala do trono e ordenou que o jovem jamais soubesse aquela descendência, se não, todo o reino seria destruído.
Elffin contou então ao jovem que seu pai era um deus da Natureza e que a mãe havia morrido logo após ao parto, deixando o jovem um tanto triste, mas repleto de vigor por saber ser descendente de um deus. Com os anos, Taliesen se tornou o bardo da corte de Elffin.
Certa vez, Elffin fora capturado pelo rei de gales e foi preso por correntes mágicas. Taliesen então propôs uma disputa de discursos, quem vencesse, teria Elffin livro ou preso; foi então que seu sangue ferveu e aquelas três gotas de poção se demonstraram presentes, enraizadas em seu coração e sua mente. Começou a discursar e sua eloquência foi tão bela e tão poderosa que o rei concordou em sua derrota mas não soltaria aquelas correntes mágicas; Taliesen disse:
"Não necessito que soltes meu rei, tuas correntes são mágicas, mas meu conhecimento é muito mais."; então as correntes se soltaram e libertaram o rei preso.
Taliesen foi nomeado como o bruxo e seu conhecimento o levou até o posto de Merlin (sacerdote supremo); quando Elffin morreu pela idade, Taliesen pressentiu um rei que necessitaria de sua ajuda, encontrando assim Arthur e se tornando seu melhor amigo e conselheiro.
Como era representada?
Cerridwen era muitas vezes representada como uma simples mulher, não tão jovem, mas não idosa. Ela era chamada de "A Anciã", por ser a mais velha da tribo de Danna e é associada à fase Negra da Lua (Lua Minguante e Nova); muitas vezes era representada como uma porca branca (também um javali) ou um caldeirão.
Objeto Mágico:
Cerridwen possui um caldeirão mágico, o qual está repleto de poder e magia; é ele quem a ajuda a produzir as poções necessárias. Alguns contos dizem que o caldeirão possui desejos próprios e vida, sendo que muitas vezes, ele começa a preparar a poção apenas pelo simples pedido da deusa. Quando ele se enche, qualquer objeto mergulhado se torna divino e mágico, adquirindo também vida.
Na atualidade:
Cerridwen está muito presente nos dias de hoje pelos politeísta e panteístas, assim como pela Wicca. Ela não recebe um festival próprio, porém, em cada prática, movimento e ações que praticamos que envolva magia, ela está a nos observar e a se fortalecer por praticarmos a arte que ela nos possibilitou aprender.
Alguns historiadores dizem que o rei Arthur fora influenciado por Merlin (Taliesen) a procurar o Santo Graal; mas com o cristianismo crescendo, ele acreditou que era alguma forma de taça, foi então que em sua morte, Taliesin abriu caminhos para Avalon (onde apenas deuses poderiam ir) e disse que o Santo Graal não era uma taça, mas sim o caldeirão da deusa.
Perante os crentes, o fato de um "santo graal" ser o caldeirão da deusa não é impossível, sendo que o Caldeirão dela era o objeto que gerava a vida, o conhecimento e os dons de todo o mundo e divindades.
Por hoje, fico por aqui com um enorme abraço e preparado para esta Segunda-Feira repleta de forças!
Escrito por Felipe M.
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