Você sabe o que é um conceito, uma crença? O motivo de sua existência e até mesmo o conceito de divindades? Sabe qual o motivo e necessidade de se ler sobre religiões?
Se a resposta foi "não" para as perguntas, é necessário fazer uma nova introspecção e discernir o real motivo e porque você acredita descencessário tal conhecimento.
Olhando rapidamente ao nosso redor, podemos perceber que a religião desempenha um papel bastante significativo na vida social e política de todas as partes do mundo. Hoje convivemos muito com as denominadas guerras "santas"; onde encontramos católicos e protestantes em conflito na Irlanda do Norte (graças aos céus de forma mais amena se comparado ao passado), muçulmanos e hinduístas na Índia, hinduístas e budistas no Sri Lanka, etc. Mas percebe-se que, neste mesmo período de guerras, representantes de diversas religiões promovem ajudas humanitárias aos pobres e até mesmo destituídos do Terceiro Mundo. Se não associarmos o fator religião para a compreensão da política internacional, será extremamente difícil conseguir uma resposta adequada e correta.
O conhecimento religioso sólido também é útil num mundo que se tornou extremamente multicultural e tende a se tornar ainda mais. Muitos de nós viajam para o exterior, de forma que entramos em contato com sociedades de valores e modos diferentes totalmente diferentes dos nossos; assim como refugiados e imigrantes, que chegam até a nossa porta, acabam por se encontrar em confronto com um sistema social que lhes é totalmente estranho.
Além de tudo isso, o estudo de religiões pode ser importante para o desenvolvimento pessoal de cada indivíduo. As mais diversas religiões do mundo podem responder as mais diversas perguntas que o homem faz desde tempos imemoriais.
Respeito:
O respeito, ou seja, a tolerância pelas pessoas que possuem pontos de vista diferentes do nosso, é uma palavra-chave no estudo das religiões. Não significa necessariamente o desaparecimento das diferenças e das contradições, ou que não importa no que você acreditam se é que acredita em algo. Uma atitude tolerante pode coexistir perfeitamente com uma fé sólida e com a tentativa de converter os outros. Porém, a tolerância não é compatível com atitudes como zombar das opiniões alheias ou se utilizar de força e ameaças. A tolerância não limita o direito de fazer propaganda, mas exige que seja feita com respeito pela opinião dos outros.
Os registros da história mostram inúmeros exemplos de fanatismo e intolerância. Já houve lutas de uma religião contra a outra e se travaram diversas guerras em nome da religião. Muitas pessoas já foram perseguidas por causa de suas convicções, e isso continua acontecendo nos dias de hoje.
Com frequência, a intolerância é resultado do conhecimento insuficiente de um assunto. Quem vê de fora uma religião, enxerga apenas suas manifestações, e não o que elas significam ao indivíduo que a professa.
Para os cristãos, a sagrada comunhão tem significado especial. No entanto, uma descrição objetiva da comunhão não poderia oferecer uma visão real do que a comunhão representa para um cristão.
O respeito pela vida religiosa dos outros, por suas opiniões e seus pontos de vista, é um pré requisito para a coexistência humana. Isto não significa que devemos aceitar tudo como igualmente correto, mas que cada um tem o direito de ser respeitado em seus pontos de vista, desde que não violem os direitos humanos básicos.
Como começaram as religiões?
Foram registradas várias formas de religião durante toda a história. Já houve muitas tentativas de explicar como surgiram as religiões.
Uma das explicações é que o homem logo começou a ver coisas a seu redor como animadas. Ele acreditava que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o Sol, a Lua e as estrelas continham espíritos, os quais era fundamental apaziguar. O antropólogo E. B. Tylor (1832-1917) batizou essa crença de animismo. Tylor foi influenciado pela teoria de Darwin sobre a evolução. Segundo ele, o desenvolvimento religioso caminhou paralelamente ao avanço geral da humanidade, tanto cultural como tecnológico, primeiro em direções ao politeísmo (crença em diversos deuses) e depois ao monoteísmo (crença em um único deus). Tylor concluiu que os povos tribais não haviam ido além do estágio da Idade da Pedra e, portanto, praticavam este mesmo animismo. Hoje essa teoria do desenvolvimento foi rejeitada, e há conscenso geral de que animismo não é uma caracterização adequada para religiões dos povos tribais.
Alguns pesquisadores vêem a religião como um produto de fatores sociais e psicológicos. Essa explicação é conhecida como um modelo reducionista, pois reduz a religião a apenas um elemento das condições sociais ou da vida espiritual do homem. Karl Marx, por exemplo, sustentava a religião, assim como a arte, a filosofia, as idéias e a moral, não passava de um dossel por cima da base, que é econômica. O que dirige a história, de acordo com ele, é o modo como a produção se organiza e quem possui os meios de produção, as fábricas e as máquinas. A religião simplesmente reflitiria essas condições básicas.
Nas modernas ciências da religião predomina a idéia de que a religião é im elemento independente, ligado ao elemento social e ao elemento psicológico, mas que tem sua própria estrutura. Os ramos mais importantes das ciências da religião são a sociologia da religião, a psicologia da religião, a filosofia e a fenomenologia da mesma.
Definindo a religião:
Muitas pessoas já tentaram definir areligião, buscando uma fórmula que se adequasse a todos os tipos de crenças e atividades religiosas (uma espécie de mínimo denominador comum). Existe, naturalmente, até um risco nessa tentativa, já que ela parte do princípio de que as religiões podem ser comparadas. Esse é um ponto em que nem todos os crentes concordam: eles podem dizer, por exemplo, que sua fé sew distingue de todas as outras por ser a única religião verdadeira, ao passo que todas as outras não passam de uma ilusão, ou, na melhor das hipóteses, são incompletas. Há também pesquisadores cuja opinião é que o único método construtivo de estudar as religiões é considerar cada uma em seu propósito contexto histórico e cultural. Contudo, há mais de um século os estudiosos da religião tentam encontrar traços comuns entre religiões. O problema é que elas interpretam as semelhanças de maneiras diferentes. Alguns consideram resultado e o contato e do intercâmbio entre grupos raciais; segundo eles, as diferentes fés e idéias se espalharam do mesmo modo que outros fenômenos culturais, como a roda e o arado. Outros pesquisadores fazem comparações a fim de descobrir o que caracteriza o cnceito de religião em si. É aí que as definições entram em cena; tais como:
"A religião é um sentimento ou uma sensação de absoluta dependência"
Friedrich Schleiermacher (1768-1834)
"Religião significa a relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acredita ou do qual se sente dependente. Essa relação se expressa em emoções especiais [confiança, medo], conceitos [crença] e ações [culto e ética]."
C. P. Tiele (1830-1902)
"A religião é a convicção de que existem poderes transcendentes, pessoais ou impessoais, que atuam no mundo, e se expressa por insight, pensamento, sentimento, intenção e ação."
Helmuth von Glasenapp (1891-1963)
O sagrado:
Nos primeiros anos do século XX, o sueco Nathan Söderblom (1866-1931), arcebispo e estudioso das religiões, ofereceu uma definição baseada nos sentimentos humanos: "Religiosa ou piedosa é a pessoa para quem algo é sagrado".
Sagrado se tornou palavra-chave para os pesquisadores da religião no século XX: descreve a natureza da religião e o que ela tem de especial. Esse termo ganhou realce numa obra sobre psicologia da religião, A idéia do sagrado, de Rudolf Otto, publicado em 1917. O sagrado é das ganz Andere, o "inteiramente outro", ou seja, aquilo que é totalmente diferente de tudo o mais e que, portante, não pode ser descrito em termos comuns. Otto fala de uma dimensão especial da existência, a que chama de misterium tremendum et fascinosum (em latim, "mistério tremendo e fascinante"). É uma força que por um lado engendra um sentimento de grande espanto, quase de temor, mas por outro lado tem um poder de atração ao qual é difícil resistir.
Otto já foi criticado, refutado, plagiado e ampliado. Um dos que adotaram essa noção de sagrado foi o romeno Mircea Eliade, esudioso de religiões, em seu livro O sagrado e o profano. Ele elogia Otto e diz que seu sucesso como estudioso de religiões se deve a essa nova perspectiva que passou a abraçar. Em vez de estudar termos como Deus e religião, Eliade analisou vários tipo de "experiência religiosa" dos seres humanos. Ele começa com uma definição muito simples do que é sagrado: é o oposto do profano. Em seguida, põe-se a considerar o significado original dessas palavras. Sagrado indica algo que é separado e consagrado; profano denota aquilo que está em frente ou do lado de fora do templo.
Eliade acredita que o homem obtém seu conhecimento do sagrado porque este se manifesta como algo totalmente diferente do profano. Ele chama isso de hierofani, palavra grega que significa, literalmente, "algo sagrado está se revelando para nós". É o que sempre acontece, não importa se o sagrado manifesta numa pedra, numa árvore ou em Jesus Cristo. Alguém que adora uma pedra não está prestando homenagem à pedra em si. Venera a pedra porque esta é um hierofani, ou seja, ela aponta o caminho para algo que é mais do que uma simples pedra: é "o sagrado".
Apesar de ser um assunto muito complexo e de leitura e compreensão nem tão simples, devemos visar tais estudos e adicionar estes conhecimentos à nossa vida; o homem que se encontra na religião, encontra uma parte de si e uma compreensão da sociedade e do mundo.
Espero que tenham absorvido algo e aqui me despeço com enormes abraços!
Escrito por Felipe M.
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