Lugh, deus belo e guerreiro

Lugh ou Lug (lê-se Lú) é o deus celta de maior privilégio de mortais e soldados fiéis aos conceitos celtas; ou seja, soldados que lutavam pela defesa da liberdade e expressão, não submissos aos reis em exércitos reais. Assim como Morrighan, Lugh é altamente venerado dentro do panteão celta, porém, devido a hierarquia divina, se encontra abaixo de Dagda.
As traduções de seu nome variam entre "Mãos fortes", "Braços longos" e principalmente "O Radiante", sendo que Lugh significa ser radiante, brilhar.

Atributos divinos:
Lugh é o principal deus guerreiro, pelo fato de ser um guerreiro de defesa ideológica e pela sabedoria de quando vale a pena lutar ou não.
Muitas vezes é relacionado como deus da sensatez, da defesa ideológica, da força, doador de energia positiva e até mesmo como o Sol.

Nascimento:
Talvez, um dos fatos mais intrigantes sobre este deus seja o seu nascimento. Ao contrário dos demais deuses celtas que lutam pela Luz, Lugh não é um deus inteiramente descendente dos Danna; seu pai Cian se casou com a deusa da tribo dos Fomore, tribo que visava muitas vezes as Trevas.
Por tal união, Cian era muitas vezes demonstrado como símbolo de ousadia dos desejos do coração, por fim, Lugh era fruto da ousadia da paixão.

Ascenção e aceitação na tribo dos Danna:
Pela sua origem, os Danna se recusaram em aceitar que um filho de seus inimigos (Fomore) ascendesse como um deus e fosse reconhecido como tal; por isso, Lugh passara a viver entre os homens.
Quando jovem, viajou para o condado de Tara e ao chegar a cidade, o guardião dos portões o proibiu de entrar, os únicos que poderiam morar na cidade deviam ter algo para favorecer o rei. Lugh então demonstrou sua habilidades como um oficial para qualquer profissão, um ferreiro, um campeão, um espadachim, um harpista, um herói, um poeta e historiador, um feiticeiro, e um artesão; o guardião se impressionou pelas diversas habilidades do jovem e se dirigiram ao rei.
Apesar de o rei tê-lo tornado seu preferido, os Danna ainda não o aceitavam; conforme os anos passavam e o nome de Lugh passava a ser conhecido pelas pessoas de diversas cidades e sua origem divina também, as pessoas passaram a tratá-lo como deus, por fim, os deuses se sentiram pressionados em aceitá-lo ao círculo divino.

Lugh e seus irmãos:
Lugh ao contrário de seus irmãos adquiriu principalmente dons da Luz, tendo pensamentos Negros muitas vezes ao longo da vida; seus irmãos herdaram atributos dos Fomore, eram crueis, gostavam da dor e de práticas negras.
Mesmo com tais ações, Lugh os amava de toda a forma, afinal, eram seus semelhantes de sangue. Certa vez, seus irmãos Brian, Iuchar e Iucharba, assassinaram o pai por diversão; Lugh declarou luto pelo assassinado pai e decidiu que não mataria os irmãos, apenas lhes deu algumas tarefas para concluírem. Os três se sentiram imponentes, não sofreriam pela raiva do irmão guerreiro, seguiriam apenas com algumas tarefas; com o passar do tempo, as tarefas se mostravam impossíveis de serem realizadas e na última, os três foram feridos gravemente e acabaram por não suportar os ferimentos e morrerem.

Lugh e Balor:
Balor era integrante da tribo dos Fomore, desde jovem era muito curioso e aterrozirava os integrantes da tribo; certa vez, três feiticeiras faziam uma poção que geraria diversos males contra os Danna; Balor se debruçou na janela e passou a observar as feiticeiras e o caldeirão borbulhante. Por se assustar com elas e suas artes das trevas, acabou por emitir sons que desconcentraram as feiticeiras e ao se virarem e ver quem as espiava, o caldeirão se tornou selvagem e o borbulhar intenso de forma que espirrasse a poção em um dos olhos do jovem.
Com o passar dos dias, o olho de Balor se tornou negro e tudo o que olhava, morria quase que instantaneamente. Devido ao temor da tribo, foi banido para onde não pudesse matar ninguém; com um tapa-olho, pediu ajuda aos Danna, os quais se recusaram de ajudar o jovem. Com os anos e a fúria pela rejeição dos Danna, Balor iniciou uma guerra contra todos os Fomore e acabou por se tornar um rei perverso e cruel contra sua própria tribo.
Lugh fora avisado sobre Balor por sua mãe, que temia que fosse morta e a tribo de Danna se reuniu e em um julgamento, decidiram que Balor deveria ser morto e não expor pergio para nenhum Danna e Fomore.
Lugh foi enviado com seu exército de seguidores e soldados, assim como recebeu ajuda dos demais deuses. Cada deus atuava em suas artes, Cerridwen trabalha sem descanso em seus caldeirões para criar poções de cura; Dagda passou a cuidar de todo e qualquer humano que não fosse para a guerra, Teutates assumiu o comando dos guerreiros vivos, Morrighan guiava os espíritos que queriam ajudar na batalha e assim por diante. A batalha durou um grande período de tempo, sendo considerados muitas vezes como anos; com os temores para com seu próprio rei, muitos Fomore ajudaram os Danna para se verem livres.
Por fim, Lugh enfrentou Balor em uma terrível batalha, como não podia ser visto, devia lutar escondido; foi então que Cerridwen lhe entregou uma poção que o escondeu em névoas e pode lutar diretamente contra seu rival.
Em uma única chance dada pelo inimigo, que demonstrou cansaço, Lugh pulou nas costas do gigante (Balor era considerado um gigante, assim como muitos Fomore) e acertou-o com sua espada na nuca, fazendo o inimigo gritar em agonia, quando este caiu no chão, Lugh decidiu retirar o olho como um troféu; entretanto, o olho corrompia tudo o que tocava, por ser um deus, sentia suas mãos arderem e num rápido gesto de se livrar do artefato, arremessou o olho ao céu, de forma que viesse a se tornar o Sol.

Lugh e seus filhos:
Lugh veio a ter dois filhos, Cuchúlain (lê-se Currulâin) e Setanta. Ambos foram gerados pela sua esposa mortal, a qual amava de todo o coração e escolheu pela determinação da jovem e principalmente por não ser uma deusa.
Seus filhos se tornaram seus seguidores e parceiros em batalhas; muitas vezes ele pedia que os filhos não o acompanhassem em batalha com medo de que algo acontecesse e os perdesse, mas eles também eram ousados e sempre acompanhavam o pai.
Certa vez, Cuchúlain foi ferido mortalmente, e como não é imortal, estava para morrer em pouco tempo; Lugh em amor ao filho se afastou por três dias e três noites dos olhos curiosos e com o filho nos braços o levou para uma mata densa; lá, ele ministrou magias negras para curar o filho e trazê-lo de volta a vida.

Como era representado?
É sempre representado como jovem esbelto e de corpo forte; cabelos compridos ou médios dourados como o próprio ouro.
Sempre imperbe e algumas vezes acompanhado de seus utensílios mágicos.

Animal de estimação:
Lugh conta com um enorme cão de caça, muitas vezes descrito como um animal de tamanho descomunal; tal cão era extremamente feroz e obedecia somente ao seu dono, um presente dado por sua mãe em seu nascimento (segundo algumas versões). Tal cão era uma raça de caça da tribo Fomore, o que explica sua fúria e tamanho.

Objetos mágicos:
Lugh possui vários objetos mágicos; em uma jornada quando ainda bem jovem, partiu em busca de uma maçã dourada para o rei. Lugh partiu em busca do item que traria sabedoria ao rei e nesta jornada encontrou alguns itens que vieram a fazer parte de seu inventário; uma lança cujo nome é Areadbhar, possui vida própria e quando arremessada pelo deus, retorna para sua mão somente após atravessar todos os inimigos que estão em pé; uma pele de javali que ao entrar em contato com a água, transforma esta água em vinho e pode curar até mesmo um ferimento mortal (mas não traz mortos de volta a vida) e outros itens foram adquiridos em outras jornadas.
Quando o rei viu tais objetos, pediu que o fossem entregues, porém, Lugh disse que o acordo da jornada era a entrega apenas da maçã dourada e não dos demais itens; quando o rei insistiu, Lugh empunhou sua lança e ameaçou matar o rei, o qual desistiu.
Festival de Lugh:
O festival de Lugh é comemorado na época da colheita, cuja dada é o Pôr do Sol do dia 31 de Janeiro e termina somente no Pôr do Sol de 1º de Fevereiro (hemisfério Sul).
 O festival recebe o nome de Lughnasadh (Lúnasa); apesar de receber o nome do deus e ser criado por ele, a data é uma forma de memorial para Tailtiu, mulher que adotou Lugh após ter de se separar dos pais por ordens dos demais deuses; seu funeral foi realizado nesta época e todos os anos uma festa é feita em sua homenagem em agradecimento por ter criado o deus e gerar prosperidade para poder alimentar demais crianças e adultos com o que se retira da colheita.

Na atualidade:
Pela Wicca, Lugh é muitas vezes ligado com o Sol, devido sua história. Aos politeístas de vertente celta e druidas que seguem as tradições, Lugh continua com seu brilho e a defender nossos ideais e a nos doar energias positivas para seguirmos as batalhas diárias que enfrentamos em nossas vidas!
Despeço-me aqui e em nome do Felipe, desejo enormes abraços!
Escrito por Felipe M; publicado pelo "Animador"

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