Olá pessoas, aqui neste post eu falarei sobre como os deuses celtas se originaram e algumas semelhanças com outras religiões politeístas.
Como já foi dito aqui anteriormente, a tribo de Danna e os Fomore eram as tribos divinas, enquanto um caracterizava a bondade e a luz, a outra simbolizava o mau e as trevas de um modo geral. Os Fomore, pelo que constam as lendas e epopéias celtas, foram os primeiros seres "humanos" a existirem; isso ocorre pelo fato de eles terem se originado junto com o solo da Terra, brotando como plantas e um solo fértil.
De alguma forma, os celtas não citam como, o ser humano nasceu; talvez evolução ou obra da própria mãe Terra, já que os deuses ainda não existiam neste período. Conta-se que a Terra era imersa em pura escuridão em ausência do Sol, onde a noite reinava e a vida seguia seu curso conforme lhe era possível; mais para frente, alguns anos (centenas passadas), surgem quase que misteriosamente uma tribo que é constituída de seres divinos e poderosos que trariam o que o ser humano necessitava para uma vida boa, alegre e fértil; esta é a tribo de Danna.
Mas, como Danna surgiu? Como ela poderia ser considerada uma deusa? Por que os que vieram depois dela e seus antecedentes eram deuses?
Voltando a muitos anos atrás, conta-se uma lenda celta a qual muitos chamam de "O Nascimento dos Deuses" (existem muitos nomes, depende da tribo que contava, dos livros e historiadores); apesar de o título se diferenciar, a essência é idêntica.
Uma pequena tribo de homens vivia isolada em um lugar muito distante, citada como uma ilha cuja localidade é desconhecida. Cada homem tinha um conhecimento diferente do outro, um era grande cozinheiro, outro um grande construtor, grande ferreiro, etc., certa vez, eles se uniram e através da ajuda da Grande Mãe (Terra), eles moldaram uma mulher da terra e barro e dela, se originaram outras; assim, a tribo aumentava, mas a doença os atingia como qualquer ser humano comum, em uma reunião entre os integrantes, eles tentaram arranjar uma forma de não serem atingidos pela fome, pobreza, tristeza, doença e morte.
Como eles conseguiriam? Era o que todos se perguntavam, porém, cada um prometeu dar o melhor de si em suas ciências e arranjar a resposta. Durantes dias, semanas e meses, cada um trabalhou sozinho e dava o melhor de si para realizarem o objetivo. Foi então que o cozinheiro descobriu uma receita mágica!
Ele preparou cervejas para todos os integrantes e cada um bebeu um farto caneco, nem mais, nem menos; desta cerveja mágica, eles se tornaram imortais e resistentes as doenças.
Mais algum tempo se passou e o artesão de couro, o qual fabricava as roupas da tribo, conseguiu uma pele mágica (alguns citam como de javali) e fez uma grande capa, tão perfeita, que o couro quase que não fora desperdiçado na manufatura. Todos o questionaram para que servia aquela pele, ele então trouxe um animal a beira da morte e uma farta bacia de água; levemente, ele mergulhou a capa de couro na água e a retirou rapidamente, a água começou a mudar de cor e num tom avermelhado como sangue, se transformou em vinho; aquele vinho tinha a propriedade mágica de curar qualquer doença e dor de um ser vivo, até mesmo livrá-lo da morte próxima (por curto período de tempo).
Uma das mulheres (Cerridwen), trouxe seu gigante caldeirão e após anos trabalhando em uma poção mística, conseguiu uma perfeita poção. Novamente a tribo se reuniu e aquele caldeirão conseguia produzir poções de sabedoria, quem a bebesse, se tornaria uma pessoa sábia e saberia todos os segredos da magia.
Outra mulher, conseguiu criar (através de misturas naturais) árvores que geravam maçãs douradas, elas dariam o conhecimento sobre tudo que era terreno, desde meros conhecimentos básicos até o segredo de todo o Universo.
O artesão criou vários instrumentos e objetos, todos mágicos e que seriam manuseados apenas por quem estivesse preparado para seu uso. Dentre os objetos, estão algumas armas divinas (que citarei mais para a frente) e a Harpa e o Caldeirão de Dagda.
Os anos foram se passando e as gerações mudando; logo se viram em confronto com os Fomore após a mudança da sua ilha e com isso, a morte de muitos se resultou nestes momentos de guerra. Um pacto brando foi feito entre ambos e viveram em trégua; com muitos dos anciães mortos, o arquiteto retornou aquela mesma ilha onde os segredos foram descobertos; lá, ele construiu um palácio que muitos citam como sendo dourado como ouro e aos redores, semeou as sementes das maçãs douradas. Esta ilha passou a ser chamada de Ilha das Maçãs, uma moradia dos deuses.
Dagda, Cerridwen e alguns outros deuses de gerações mais recentes se tornaram os guardiões e protetores dos segredos e dos objetos mágicos, e a partir deles, temos as histórias e contos que nos influenciam até hoje.
Complexidade divina:
Não há muito que contar sobre como os deuses se originaram; os próprios celtas contavam esta como uma lenda breve e curta; sem muitos detalhes. Entretanto, é possível perceber que os deuses são de essência humana e eram assim antes de receberem o título de divindades.
Por que são chamados de deuses?
Os celtas os chamavam de deuses, porque mesmo sendo humanos em sua totalidade, as divindades celtas seriam intituladas como tal se fossem descendentes diretos de algum deus e conseguissem controlar:
-Algum elemento natural (rios, pedras, o Sol, a Lua, etc.)
-Ter controle e conhecimento sobre os 4 elementos (Água, Terra, Ar e Fogo)
-Tivessem algum dom especial (conhecimento em poesias, guerra, etc)
-E o mais importante, possuir o conhecimento da magia (dado em objetos ou rituais que possuiam e faziam)
O surgimento da mulher:
A mulher para os celtas era extremamente divinizada. Segundo muitos contos celtas, é possível perceber que as mulheres já existiam em outras tribos e não se originaram pelos deuses como para os gregos, cristãos, etc; entretanto, esta criação mostra que a mulher é grandiosa perante os olhos masculinos celtas e que os próprios homens as divinizaram, tendo grande importância.
Poderes femininos:
Para os celtas, as mulheres eram portadoras de grande força, não como o homem (força bruta); elas possuíam o dom da vida (a gestação), o dom da proteção (como mães; os homens tinham como proteção de tribos e em batalhas) e principalmente da magia e conhecimento. Nota-se que todos os poderes e criações dos deuses se voltam para a vida e principalmente o conhecimento.
A reunião divina:
Apesar de terem bebido a cerveja, ela não era tão poderosa assim; ela possuía um prazo de efeito (como uma validade), ela teria efeitos mágicos durante exatos 1 ano da Terra. Nas reuniões posteriores, foram estabelecidas regras para adquirir a imortalidade; os deuses deveriam merecer tal presente, fazendo o possível para ajudar os humanos. Assim, estabeleceram um dia específico para que a bebida fosse feita novamente e os deuses a bebessem; este dia foi o dia de Samhain, 31 de Outubro; onde os deuses aproveitariam a mágica deste dia e renovariam a imortalidade.
A morte de alguns deuses mesmo sob o efeito da cerveja:
Apesar de a cerveja dar a imortalidade aquele que a bebesse, muitos deuses morreram em batalhas contra os Fomore; isso ocorre pelo fato de os próprios celtas os considerarem como deuses, porém ainda possuem uma parcela humana. A cerveja os livrava do envelhecimento e a morte natural; porém, ao declararem guerra, eles poderiam ser mortos em batalha, ou seja, poderiam ser assassinados.
Os itens mágicos:
Nas reuniões, eles impuseram mágicas sob os objetos as quais as tornariam possíveis de apenas um deus as controlarem; nenhum mortal conseguiria tocar a Harpa de Dagda, nenhum ingrediente entraria no caldeirão de Cerridwen, muito menos manusear as armas (já que elas tinham vida própria).
Os mais importantes foram a bebida de Cerridwen e as maçãs douradas. Cerridwen ficou incubida de dar a bebida para quem ela desejasse (ela é muito sábia); porém, as maçãs douradas foram proibidas para qualquer um, humano ou deus. Os deuses possuíam uma regra que era levada como a principal "Nenhum ser tem o direito de conhecer todos os segredos do Universo", então, qualquer um que comesse da fruta, seria morto sem julgamento (sendo mortal ou não).
Percebam a diferença entre a fruta em questão e a comparem com a situação de Adão e Eva na bíblia e no cristianismo; alguma semelhança?
A trégua entre os Fomore e os integrantes da tribo de Danna:
A mitologia celta é uma em que a trégua entre Luz e Trevas é bem percebida; não como os gregos, onde titãs ajudam os deuses, porém os deuses de Luz se unem com o das Trevas e formam um grupo muito imporante. Isso ocorre porque os celtas visavam o balanço universal, como muitos filósofos já disseram e se adéqua muito bem neste contexto é "A vida não existe sem a morte, a bondade não existe sem a crueldade e a luz não existe sem trevas".
Porém, para deixar claro, mesmo com a trégua, alguns deuses de ambas as tribos travavam batalhas pessoais com determinados integrantes rivais.
A Ilha das Maçãs:
A ilha em questão, foi criada para servir de moradia aos deuses da tribo de Danna; porém, em um consenso, todos preferiram habitar o Primeiro Mundo. A ilha se tornou um local para guardar os itens mágicos dos deuses e de lá, não saírão por mãos mortais.
A ilha recebeu o nome por todas as árvores serem as macieiras das maçãs douradas do conhecimento. Dizem que com os anos, as maçãs caíram no chão e as raízes das plantas abaixo das árvores absorveram os nutrientes da fruta e adquiriram o tom dourado. Para quem não sabe, a Ilha das Maçãs era o nome mais comum celta para o que hoje conhecemos como Avalon.
Espero que tenham gostado e já sabem; quaisquer dúvidas podem perguntar que responderei com prazer!
Abraços enormes!
Escrito por Felipe M.
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