Ontem foi a celebração do aniversário de 18 anos do meu primo e conversando com os amigos e conhecidos, nossa roda de conversas parou em um ponto de raciocínio; o nosso vizinho estava conversando e começou a falar de diferenciação de tonalidade e cor; neste mesmo instante, sua esposa começou a rir e comentou que ele tinha essa dificuldade, pois ele é daltônico.
Então, com a conversa rumando este caminho, começamos a debater as dificuldades que pessoas com certas deficiências possuem em seu dia-a-dia. Pode parecer algo simples, para muitos, algo engraçado de início, porém, se analisarmos bem o nosso redor, quantos problemas não existem?
Sobre o daltonismo, ele disse que não influencia muita diferença em sua vida; enquanto outros amigos meus dizem o mesmo, mas ele disse que o problema maior é no trânsito. No momento em que ele disse isso, eu parei para pensar "o que pode haver no trânsito que atrapalhe tanto um daltônico?", a resposta veio rapidamente; o semáforo.
Segundo testes, pessoas que apresentam daltonismo possuem maior dificuldade em distinguir tonalidades de verde e vermelho; agora pense por alguns instantes, os semáforos são constituídos de três cores, o verde, o laranja e o vermelho. Pensando no que ele disse, para ele, todas as três luzes possuem a mesma cor; então como diferenciar o momento de parar, acelerar ou tomar cuidado?
Graças a esposa e os anos de vivência, a pessoa acaba gravando o que cada posição significa (em cima é pare, no meio é atenção e em baixo é acelere); agora pensamos "ah, um problema solucionado"; entretanto, com o passar dos anos, alguns semáforos estão sendo modificados (como na região de Alphaville, por exemplo) e eles passam a se encontrar na horizontal, não mais na vertical.
Para nós, é algo que não nos modifica a vida, porém, muitos dirigem sozinhos e se não estão acostumado com este padrão, como poderão utilizá-lo?
Outro poblema muito grave é a falta de rampas para deficientes físicos; até mesmo no centro de São Paulo, algumas lojas e prédios possuem degraus e não disponibilizam rampas de acesso. Desta forma, a locomoção é quase impossível se o cadeirante não estiver acompanhado, pois mesmo com prática, a "jornada" é exaustiva. Pode-se notar também que a frequência de ônibus que disponibilizam o elevador para cadeirantes é bem baixa; se olharmos minuciosamente, o governo não possui algo que afete o todo, algumas arestas ficam sem o aparo necessário e são justamente estas arestas que incluem pessoas com muletas, cadeirantes, daltônicos e muitos outros tipos de pessoas com deficiência.
Porém, o que eu vejo e é altamente perceptível é a falta de consideração e preparo para lidar com estas pessoas, sem contar o desrespeito que muitos sofrem. Segundo relatos de cadeirantes, o que mais detestam é que as pessoas os olhem com tristeza e os tratem como seres alienígenas somente por andarem em uma cadeira; cegos também, muitos comentam sobre a deficiência da pessoa, mas se esquecem que ela ouve, somente não enxerga.
Uma experiência foi feita aqui em casa por uma semana. Durante o período que minha mãe quebrou o pé, ela alternava entre a muleta e a cadeira de rodas; mas, ver uma pessoa assim não significa que você sabe o que ela "sofre". Quando ela se encontrava com a muleta, eu usava a cadeira de rodas (coisa de quem não tem o que fazer em casa, mas tudo pelo bem da experiência); um dos problemas que me deparei logo de início são os cômodos, os móveis acabam formando um labirinto e espaços estreitos dificultam a passagem da cadeira. Resolvi então ir lá para o quintal, mas ai surgiu outro problema; na porta de entrada de casa existe um degrau que forma uma pequena área, dificuldade total para mim que não possuo experiência.
As muletas também são um problema; para pegar a prática e utilizá-las demora-se um tempo razoável, mas o pior problema é a almofada de apoio; conforme você as usa e não retira o braço, as axilas ficam extremamente doloridas e roxas, e não é uma dor fraca.
Pude presenciar o sufoco que é viver assim dentro de uma casa; é claro que não podíamos deixar de sair, então, minha avó nos convidou para um almoço em família, as calçadas são péssimas, as ruas esburacadas e o que comanda nesta hora é a força de vontade e pensamento positivo de que irá conseguir.
Com isto, podemos perceber que muito do que vivenciamos e nos é tão simples, para outros é um desafio muito grande. Por isso, devemos nos conscientizar e tentar modificar estes "pequenos detalhes" para ajudar o próximo; afinal, se temos o direito de andar nas ruas sem nos desesperarmos com a dificuldade, por que eles não podem também?
"Um deficiente não é um ser outro planeta; eles simplesmente vivem o mundo de uma outra forma e com a situação que a sociedade os trata, são heróis!"
Escrito por Felipe M.
11 de janeiro de 2011 às 01:24
verdade!
pessoas deficientes q conseguem ter uma vida ativa são com certeza sobreviventes urbanos
11 de janeiro de 2011 às 10:45
Fora também as escolas que não disponibilizam de uma rampa de acesso né.
Onde eu estudo, quando meu amigo quebrou o pé teve que subir 2 andares pulando, imagina?
Tays Marcinkowski