Hades, senhor dos mortos

Hades (para os gregos), Plutão (para os romanos) era um deus olímpico possuidor de um dos 12 tronos de poder, irmão de Héstia, Deméter, Hera, Poseidon e Zeus; filho dos titãs Cronos e Réia. Ao nascer, foi engolido por seu pai e salvo por Zeus.
 Quando os três irmãos (ele, Poseidon e Zeus) se reencontraram, decidiram fazer um acordo para a decisão de suas regências durante a vida.
Hades, por ter sido o primeiro dos filhos homens a ser engolido, Cronos tomou total precaução com ele e ao engolir a criança, esta foi para o local mais sombrio e escuro de seu estômago; pois Gaia havia previsto que "O filho homem, teu descendente direto irá te destronar"; neste pensamento, ele pensou que Hades seria este filho, sendo que Poseidon e Zeus nasceram mais tarde.
Com o que havia vivido dentro do estômago de seu pai, Hades decidiu assumir controle do submundo e se tornar rei do local e regente das almas que eram enviadas para lá. A partir deste trato, se mudou do Olimpo e seu trono era meramente simbólico, sendo que este era ocupado apenas em situações de extrema importância, como alguns momentos das guerras titânicas.
Atributos de Hades:
Hades era rei do submundo e controlador das almas que para lá eram enviadas após a morte. Era também calmo e extremamente quieto, porém, altamente impiedoso, seja com homens ou deuses e sua presença era totalmente intimidadora.
Como era representado?
Hades era representado como um homem adulto, com barba e nunca representado nu. Possuía sempre uma túnica que encobria de pelo menos um de seus ombros até os tornozelos e algumas vezes com o Cérbero ao seu lado. Sua feição é sempre calma e algumas vezes, transpassa tranquilidade para quem observa suas estátuas, raramente representado em pinturas. (algumas vezes nos antigos vasos gregos)
O Submundo:
O Submundo é dividido em duas partes, a primeira e mais "acessível" é o mundo subterrâneo, ou o próprio submundo. Este era um mundo onde as almas habitavam após sua morte. Este lugar é separado do mundo dos vivos através do rio Estígie, neste rio, se encontra o Barqueiro, que leva as almas até o submundo sob sua proteção, nas águas, se encontram almas perdidas e sem descanso. Após o Estígie, o solo é totalmente seco, com presença de grandes rochas e pedregulhos e a presença de vegetação é rara, quando encontrada, está morta. A partir de certo ponto, a paisagem muda, já há presença de água e plantas para a extração de alimento através dos frutos e o solo um pouco melhor que o anterior.
A outra parte do Submundo é o famoso Tártaro. Este é o local onde as almas mais cruéis e perversas são enviadas, elas não passariam pelo submundo, através do Estígie, seriam atiradas para o mais profundo abismo, de onde jamais estariam possibilitadas de fugirem. O local é um deserto de ódio e dor. Não há nada além de um solo totalmente corroído pelo ódio e rios de magma fervente; as almas de assassinos e todo o tipo de escória eram enviados para lá, assim como alguns titãs; naquele local, a punição não seria totalmente física, grande parte seria psicológica. Sentiriam fome e a dor de seus estômagos vazios, mas não pereceriam; sentiriam a sede e o corpo secar, mas não morreriam; sentiriam a solidão, e se encontrassem alguém por perto, não haveria nada mais do que batalhas, geradas pelo desejo da dor de seu semelhante que o ser humano possui.
Semelhanças entre o Submundo e algumas crenças de outras religiões "mais novas"?
Algumas religiões apresentam a vida após a morte, e nesta vida, a alma é enviada a outro plano, para os gregos, um mundo diferente.
Um exemplo o qual podemos citar, que se aproxima estreitamente com o Submundo de Hades, é a citação psicografada do espírito André Luis, por Chico Xavier. Quando a pessoa morre e o espírito desencarna, é enviado ao Umbral, para os gregos, este Umbral era o local próximo as margens do Estígie. Algumas citações diziam que Hades deixava o local para as almas pagarem pelos seus erros cometidos em vida, com fome e sede, viveriam sozinhos apenas quem desejasse isto para si. No Umbral, quando a pessoa se redime de seus erros, é enviada para o que André Luis chama de "Nosso Lar"; para os gregos, as almas que superassem o sofrimento de seus erros de vida, estariam possibilitados a atravessar uma longa trilha e chegariam a um local onde encontrariam descanso, onde saciariam a fome e matariam a sede.
O Tártaro seria o purgatório, onde pagariam pelo que fizeram em vida e se aprisionariam em seus desejos de guerra, morte e dor.
O Cérbero:
O Cérbero era um cão de três cabeças o qual erroneamente é citado como guardião do Submundo como um todo. Este cão era encontrado somente aos portões do Tártaro, como um guardião para que nenhuma alma escapasse de tal lugar e pudesse assolar a vida pós morte daqueles que merecem descanso; já que a fuga dos mortos para o mundo dos vivos era impossível.
Hades e Proserpine:
Hades sempre viveu sozinho em seus domínios, a única companhia que possuía era a da ninfa Menthe, com a qual possuía relações amorosas; entretanto, nunca geraram um descendente.
Certo dia avistou uma bela jovem na Terra e percebeu que era a tão amada filha de Deméter. Ele se enlouqueceu com a beleza da jovem e rasgou o solo para poder levar a moça para seus domínios. Quando a Proserpine acorda, se encontra no reino do Submundo, com Hades a observando quase que hipnotizado. Ele pedia que ela vivesse com ele e que lhe ofereceria tudo o que desejasse; ela se recusava de todas as formas.
Quando assumiu controle do Submundo, ele criou uma regra, uma lei. Todo e qualquer ser vivo que comer algum alimento do Submundo, deveria viver nele; pois os alimentos gerados lá, deveriam alimentar somente os espíritos que lá habitavam.
Deméter procurava desesperadamente a filha, com a demora, a jovem se sentia faminta e por sua vez, Hades a ofereceu algumas romãs. Ela se alimentou e saciou a fome, porém, Hades havia feito isso para, além de saciar a fome da jovem, poder viver com ela.
Hermes então levou Deméter para o Submundo após Apollo ter contado onde Proserpina estava. Ao ver a filha com Hades, ela já se preparou para defendê-la com total destreza, porém Hades também lutaria por ela; mas, ao saber que Proserpina não gostaria de ver a mãe em uma batalha, ele desistiu. Entretanto, ela havia se alimentado de alimentos gerados no Submundo, e um acordo foi feito, onde ela viveria metade no ano com Hades e a outra metade com sua mãe, no Olimpo.
Hades e Perséfone:
Com Proserpina vivendo metade do ano em seus aposentos, Hades se casou com ela, a qual passou a se chamar Perséfone.
Ele ensinou tudo a ela, como deveria agir como rainha, pois seu jeito meigo colocaria tudo a perder em seu reino. Com isso, Perséfone assumiu seu trono com punhos de ferro assim como seu marido, entretanto, ela ainda possuía compaixão.
Perséfone então impôs algumas leis, uma delas foi a de reencarnação. As almas que encontrassem o descanso do outro lado do Estígie poderiam retornar a Terra e reiniciar uma nova vida. Ela também começou a atuar como advogada dos recém-chegados, ela julgava as ações deles em vida e decidia se seriam mandados para o Tártaro e qual a punição dos mesmos.
Hades sempre se manteve fiel a esposa, o único dos três grandes que manteve fidelidade. Uma única vez que tentou algo com a ninfa Menthe, Perséfone se vingou da ninfa e Hades nunca mais tornou seu olhar para outra mulher além de sua esposa.
Hades e sua nova hierarquia:
Hades é um dos deuses olímpicos e possuidor de um dos 12 tronos de poder, entretanto, nunca se senta nele quando não é necessária sua presença. No Submundo, ele gerou uma nova hierarquia, o Ctónico.
Os deuses Ctónicos eram todos aqueles que viviam e pertenciam ao Submundo, Hades era olímpico e Ctónico; Perséfone era uma deusa Ctónica (Proserpine era olímpica), as Fúrias (3 filhas de Hades), assim como a titã Hécate (falarei sobre ela em próximas postagens), entretanto, Hades ampliou esta hierarquia e assimilou outros deuses. Dentre eles estão a titã Gaia, o deus Trofênio, Deméter, sua filha Melione (deusa dos rituais fúnebres), dentre outros deuses que se relacionavam a Terra e não eram olímpicos.
Ctónico = ligado a terra (Terra)
Rituais para Hades:
Hades era um deus que raramente influenciava a vida na Terra, ele preferia viver no Submundo sem ter que afetar a vida dos humanos. Jamais eram oferecidos oferendas ou sacrifícios para este deus. Ele se negava em receber estes "agrados" por dizer que não necessitava; e se fosse feito algo como forma para salvar a própria alma, seria um insulto, pois o julgamento será feito e nenhuma oferenda te poupara de suas ações em vida.
Seu nome nunca era pronunciado, por ser o deus da morte e dos mortos, os gregos possuíam medo em pronunciar seu nome até mesmo para a maldição contra alguém, afinal, seria mau agouro para si, além de pesar em seu julgamento.
Hades não era como representado nos filmes:
Muitos filmes e livros sempre demonstram Hades como o vilão e o causador de caos, destruição e mortes. Entretanto, ele jamais fazia algo contra os humanos ou deuses, apenas em momentos em que era necessária sua intervenção. As únicas batalhas e confrontos em que participava eram contra seus irmãos quando em discórdia e nas guerras titânicas.
Ele poderia ser considerado um "vilão" por seguir suas leis com total força; quando humanos se aventuravam a entrar nos seus domínios, ele não deixava que eles voltassem para o mundo dos vivos, pois seria contra a ordem natural.
Hades na atualidade:
Hades é novamente venerado pelo politeísmo grego, entretanto, algumas mudanças podem ser notadas em sua forma de tratamento, dentre elas, é possível perceber algumas oferendas que lhe são destinadas e (apesar de poucos), alguns lhe fazem preces e orações.
Tenham um bom final de semana e que Hades julgue sua alma da forma que merece!
Escrito por Felipe M.

1 Response to "Hades, senhor dos mortos"

  1. Deus das Lamentaçoes says:
    10 de fevereiro de 2013 às 22:48

    Mt bom...
    Otimo texto ai.. explicou mt bem...

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